[Aventura OFF - Rebeldes de Alabasta] Estudos de uma Perita

Treinamentos e estudos faziam parte da rotina de um soldado da Marinha e para a Alberona não seria diferente. Àquela altura do dia, ela já estaria lendo um dos livros da biblioteca da base naval de Shells Town. Ela sabia que desenvolver sua capacidade de realizar cálculos com distância e ângulos para seus ataques e suas defesas. Contas matemáticas, tais como vetoriais e derivadas faziam sempre a cabeça da jovem ferver. — Caramba... Essas coisas não fazem o menor sentido... — Dizia, pegando seu cantil e virando um gole de saquê para relaxar um pouco sua mente e poder restabelecer suas energias para continuar estudando todas aquelas questões.

— Eu gostaria de saber quem foi o filho de uma pura senhora que resolveu misturar letras com números nessa coisa! Com certeza o cara não tinha mulher para apertar as tetas... — Suspiraria pesadamente lendo aquele livro interminável e completamente tomado de fórmulas estranhas. Não restava muito a fazer que não ler e entender tudo aquilo. Segundo o entendimento dela, era uma ordem de seu capitão e algo necessário para ela cumprir seus objetivos dentro da Marinha. Desenvolver conhecimento sobre formas de combate estratégico lhe garantiria maiores chances de obter êxito em seus planos, o que acarretaria em mais sucesso nas missões. Portanto, ela ficaria ali até que conseguisse entender como desenvolver aqueles cálculos complexos.

Alguns momentos de folga eram necessários para que a garota não entrasse em um quadro de estafa mental, o que prejudicaria seu desenvolvimento dentro da Marinha. Não havia dúvidas que a jovem precisava de um tempo nos estudos e nas pesquisas que tinha realizado nos últimos tempos, atrás de novos conhecimentos e perícias. Andar com o velho bom de lábia por alguns dias tinha lhe dado esse descanso e ela podia retornar para a biblioteca. Ela não podia deixar de notar que parecia ser a única a se dedicar em obter novos conhecimentos, ao contrário de seu parceiro que se preocupava exclusivamente com questões físicas.

Por se ver como a única com condições psicológicas de liderar a equipe que formariam desde antes da invasão da ilha pelo monstro marinho, a garota resolvia pesquisar em livros da biblioteca da base a respeito de estratégias de liderança e gestão de pessoas. Ela já possuía também alguns soldados que seriam necessários para cumprimento de missões quando ela não estivesse mais sob as ordens do Dragão Marinho. — Hey, qual seu melhor livro que trata de liderança de pessoas? — Questionou à bibliotecária que lhe entregou um livro pesado e de referência, o que significava que não poderia levá-lo para o dormitório, tendo que estudar apenas naquele local silencioso e sem bebidas alcoólicas. "Mas que droga... Por que isso, cara?!" Pensava, olhando para a verdadeira enciclopédia, antes de caminhar na direção de uma das mesas de estudos.

Ler estratégias de liderança não era verdadeiramente heroico, embora Cana tivesse consciência de sua importância para o futuro dela naquela instituição militar de proteção da ordem mundial. O aprendizado, certamente, era a maior força daquela pessoa que continuaria a ler os livros que fossem necessários para seu crescimento como uma força da instituição que representava. As principais táticas de liderança estratégica, o que Cana realmente buscava, eram as que mais chamavam sua atenção, ao lado de questões motivadoras e carismáticas.

Aquele livro era valioso para aquele tipo de ensinamento e a jovem marinheira retornaria diversos dias seguidos para estudar a respeito daqueles temas. Para avançar entre os cargos destinados para aqueles que fazem parte da Marinha, como era o caso dela, dominar o aspecto de liderança era verdadeiramente fundamental e ela sacrificaria grande parte de seu treinamento físicos em prol do desenvolvimento mental.

Inúmeros aprendizados de perícias nas mais diversas áreas eram importantes para a jovem Cana, mas nada era mais importante para ela que o conhecimento puro e simples. Sempre fissurada por aprender mais, dentro dos limites que aquela base militar em East Blue lhe garantia, a garota se colocava novamente a estudar formas de atirar melhor em suas missões. Alguns cálculos matemáticos eram necessários para o sucesso dos disparos com armas de fogo, haja vista a precisão que aquele estilo de combate exigia.

A geometria, como estudo diretamente relacionado às formas existentes no mundo, poderia lhe auxiliar a elaborar estratégias de tiros mais eficientes levando em conta objetos no ambiente. Medições de distâncias e áreas também poderia lhe ser úteis. Leitura de conceitos e a realização de exercícios baseados já em seus conhecimentos matemáticos e físicos. — Parece que aprender ciências bases de geometria era mais difícil... — Comentava consigo mesma antes de ouvir um 'Shhhhh' feito pela bibliotecária. Sem graça, pegaria o cantil em sua cintura e virava lentamente em sua boca, voltando a estudar com mais atenção focada.

Estudos básicos de geometria não pareciam tão complicados para alguém tão inteligente quanto ela. Era natural encontrar algumas dificuldades em questões mais elaboradas, mas essas pareciam ir além da simples geometria, se tornando mais específicas dentro daquele ramo restrito das ciências exatas. Algo para aprender quando tivesse mais experiência de vida e estivesse mais preparada para questões além.

Como de costume, os treinos físicos impostos pelas condições da Marinha eram realmente desgastantes para a Alberona que, quase sempre, terminava destruída no chão, de bruços, com a face enterrada no chão. "Mas que droga... Eu queria estar de porre para passar por uma coisa dessas... E para completar, não sei porque o Capitão me pôs em dupla com esse gigante idiota e metido a besta..." Pensava, sabendo da predisposição de Kaginimaru para treinamentos corporais e acrobáticos.

_Cana, preciso que se levante para treinar com o Sting... Ele te ajudará com um treino de manobras curtas e de longo alcance... Disse o Dragão Marinho, parado ao lado da jovem derrotada no solo. — Desculpe, Senhor Lobo Mau, a vovô está desligada ou fora da área de cobertura... Passa amanhã... — Ela respondia sem tirar o rosto do chão da base militar. O homem, então, levava o pé ao ombro dela, virando-a com a barriga para cima. O Sol, àquela altura do dia, não era mais nenhum incômodo, mas mesmo assim ela fechava os olhos em silêncio, apenas pensando a dúzia tripla de xingamentos que proferiria, se não estivesse diante de um superior hierárquico. _É importante. Levante-se... Mais tarde, pago cinco barris de cerveja para você em comemoração...

Ela finalmente abria os olhos ao ouvir a recompensa prometida, com um largo sorriso no rosto. — Isso é sério?! Ent... — Interrompia a fala, corada, ao ver a figura do sujeito indicado pelo seu Capitão para agir. "Meu Deus, daria para aprender todo tipo de coisa com esse loiro..." Pensava, levantando-se a prestar atenção no novo conhecido. — Prazer, sou a Cana e espero aprender muito contigo! — Entre sorrisos de ambas as partes, os dois se afastavam dali para que ela começasse o treinamento para aprender tiros a longa distância.

Ensinamentos, dicas e exercícios práticos de disparos em alvos. Táticas de verdadeiro sniper que o loiro passava para a jovem marinheira que, perfeccionista que era, se cobrava cada vez mais por resultados do mais alto nível possível. _Você está muito ansiosa para disparar. Tiros a longa distância são mais lentos e pensados do que a simples troca em tiroteios com alvos mais próximos. Você tem que ajustar a mira e as condições ambientais antes de disparar… Enquanto era orientada (chamada atenção) quanto aos erros na execução dos disparos, virava seu cantil com saquê para saciar seu vício em álcool.

Como de costume, sendo o primeiro contato entre os dois, o homem achava que isso prejudicaria os estudos, até ver que ela continuava a atirar normalmente, apesar de bêbada. Graças à habilidade passiva da garota, ela não era afetada ou prejudicada por ingestão de bebidas alcoólicas e continuava aquele treinamento para se desenvolver até que fosse considerado, pelo mentor momentâneo, como aprendida aquela perícia que lhe auxiliaria em seu trabalho pela Marinha.

Cana tinha madrugado na noite anterior em recompensa de seu capitão por ter concluído o árduo treinamento com Sting a respeito de tiros a alvos em longas distâncias. Aguardava aquela tarde, de folga de exercícios militares e funções diversas como marinheira, quando despertasse sem auxílio de qualquer coisa. Abrindo os olhos lentamente, flexionava os braços para erguer o corpo apoiada sobre eles. ”Ora, parece que eu bebi demais” Pensava, logo que descia da cama e via o livro de geometria sobre a mesa em seu quarto. ”E mais essa…”

Suspirando, caminhava até o banheiro daquele alojamento para um banho e outras medidas de higiene pessoal. Isso antes de retornar e se sentar, apenas enrolada em uma toalha, em sua mesa de estudos. O grande livro de temas de geometria. Para aquele dia, uma área específica chamava mais a atenção da garota, que colocava a mão na nuca e acariciava suavemente os cabelos. A Geometria Espacial trata especialmente do estudo de objetos geométricos no espaço, ou seja, no universo tridimensional. As principais bases para esse campo de estudo matemático são: ponto, reta, plano e espaço.

Tratava-se, portanto, do ramo da geometria em que se estuda os sólidos geométricos, como os poliedros e os corpos redondos. Algo fundamental para a modalidade de oficial que a garota pretendia seguir na Marinha. Ser uma atiradora de elite demandava o conhecimento a respeito das formas existentes por ação humana e natural.

Em um mundo de três dimensões, como este que viviam, o conhecimento sobre as formas tridimensionais era medida impositiva para alguém que buscava obter conhecimentos sobre as melhores formas de atirar e fazer os disparos ricochetearem, como era o interesse direto da Alberona. Para compreender todas aquelas fórmulas e cálculos, a garota passava horas sem desligar a atenção, apenas ‘despertando’ do mundo imerso do livro quando uma sirene de aviso de troca de turnos tocava.

Ela apenas mantinha o pensamento a respeito do fazer para aprender mais sobre o tema, buscando tomar um longo gole de saquê em seu cantil, que ficava completamente seco. Como lembrança, ela deixava o recipiente de alumínio sobre sua mesa, em frente ao livro, voltando a se concentrar no estudo. Ainda tinha muito que estudar antes de considerar aquele conhecimento adquirido de fato.

A garota tinha se esforçado o suficiente para aprender questões relacionadas à geometria básica e à espacial, restando ainda, naquele livro de grande porte, a última linha, a saber: a geometria analítica. Em outras palavras, tratava-se da análise algébrica para o estudo de vetores associados a pontos no espaço cartesiano e as distâncias de determinadas coordenadas.

”Caramba, que conceito mais confuso…” Pensava, olhando para seu cantil vazio sobre a mesa e já sentindo falta da bebida, enquanto passava a página do livro já prosseguindo com o estudo. O que são coordenadas cartesianas? O que são vetores? O que são equações da reta e da circunferência? Como se calculam elipses, hipérboles e  parábolas? Tudo isso seria objeto de atenção de Cana naquela noite, cuja madrugada estava prestes a iniciar.

Mesmo que parecesse ter ligação só com eventual leituras de mapas e projetos, a ciência por trás daquela modalidade de conhecimento intelectual também fazia link com as especialidades e estilos da jovem marinheira, haja vista que, através da geometria analítica, ela poderia analisar o formato das estruturas no ambiente, a angulação de posicionamento da arma em relação ao alvo e os ângulos de incidência e reflexão em cada disparo são fatores que podem contribuir para o êxito futuro dela em uma eventual missão.

Era verdade que, de início, apenas exercícios seriam o suficiente para ela aprender a teoria. Isso deveria ser levado para a prática para aprimoramento constante dela no manuseio e disparo de armas de fogo.

Os dias passavam rápido em Shells Town, no treinamento militar inicial de Cana, e ela estava disposta a se desenvolver mais rápido que seu parceiro de time, que parecia não se preocupar com outras coisas além de aumentar seu poder corporal. Incidentalmente, a marinheira de cabelos ondulados saía do quartel para ir até um bar local para conseguir bebidas alcoólicas para seu cantil. Não podia deixar de notar como as coisas andavam tranquilas desde a estranha invasão do monstro do mar.

Espreguiçando-se ao chegar em seu dormitório, o qual contava com uma mesa de estudo onde um livro de cálculos a aguardava, podia iniciar mais estudos de área matemática que lhe seriam úteis para cálculos sobre direções e angulações de disparos de armas de fogo. Afinal, o objetivo final da garota era conseguir mais eficiência em tiros contra alvos que ameaçassem a ordem defendida pela Marinha. Ela tinha consciência que aquela matéria era a mais importante para se desenvolver e aprender de forma sólida.

Entre os goles de vodka, em seu cantil, ela estudava as três características mais primordiais de cálculos de vetores, quais sejam: intensidade, sentido e orientação. Indo além dos conceitos, a garota realizava exercícios com os métodos de resolução de cálculos vetoriais, sempre buscando fazer um paralelo com possíveis situações de seu cotidiano militar.

Com o intelecto tão desenvolvido, não era muito difícil para a marinheira compreender as fórmulas e métodos de resolução dos cálculos, da mesma forma que não era complicada a associação das operações matemáticas à sua realidade, principalmente nos dias seguintes em que a jovem buscava aplicar na prática tudo que tinha aprendido.

Finalmente a jovem de cabelos ondulados tinha concluído os estudos principais de matemática para aumentar a eficiência de sua habilidade de combate e tiraria uma pequena folga dos livros, tendo sido avisada que, em 10 dias, partiriam de Shells Town para uma viagem até a famigerada Grand Line para realizar uma missão urgente a mando de seu Capitão. Era momento de ela se dedicar a artes de perícias mais relacionadas ao campo de batalha propriamente dito. O líder do esquadrão ao qual ela compunha já tinha acertado que ela retornaria para o grupo de especialistas em obtenção de informações. Exatamente os mesmos que tinha ajudado a marinheira a desenvolver sua capacidade de rastrear pessoas e objetos perdidos e/ou escondidos.

Ela, por seu turno, não tardava a encontrar os homens responsáveis por aquele treinamento de capacidades. Técnicas de rastreamento nada mais eram do que uma espécie simples de evolução natural das de procura, mas com um nível maior de raciocínio para obter informações sobre localização. O avanço das técnicas não seria uma grande questão intelectual a ser desenvolvida, em especial pelo fato de a marinheira ser dotada de uma grande capacidade de lógica em tudo que ela se prestava a fazer.

Cana já conhecia os métodos utilizados pelos especialistas da base de Shells Town, o que também facilitaria no desenvolvimento daquela perícia específica que eles a repassavam. Tudo que faltava para ela era passar pelos testes de rastreamento que lhe eram impostos pelos sujeitos. Algumas horas de trabalho intenso e intelectualmente desgastante eram necessárias para que a jovem obtivesse sucesso em toda a empreitada de rastreamento de objetos perdidos ao redor da instalação militar daquela ilha. Mas depois de conseguir localizar todas as coisas, no total de sete, ela, certamente, teria dominado a arte de rastreamento, algo que lhe seria útil adiante.

Dias se passavam rápido nos treinamentos de Cana na base da Marinha localizada em Shells Town e, a cada minuto, a missão de deixar East Blue se aproximava e as coisas se tornavam ainda mais corridas para a jovem de cabelos ondulados. Um suspiro e um gole de seu cantil, enquanto ela observava seu professor falando a respeito das próximas técnicas de operação militar: o assassinato.

Depois de alguma explanação, o homem entregava para a marinheira um livro intitulado “A complexa arte do assassinato”, no qual havia indicações de formas de praticar o ato derradeiro contra as mais diversas vítimas potenciais. A garota ainda era orientada a não assassinar alvos que as circunstâncias autorizassem realizar a prisão. Última fala do sujeito que precedia outro gole de álcool pela garota. Não concordava com aquela orientação, mas seguia sem se opor.

A leitura, ao contrário das orientações que mais pareciam um sermão, era bastante dinâmica e empolgante para Cana, que não tirava os olhos fixos das páginas que passava rapidamente ao terminar de lê-las. Ela podia notar que os conhecimentos anatômicos decorrentes de seus estudos para se tornar uma médica eram fundamentais para se aplicar as técnicas de assassinato. Pontos vitais garantiam efetividade no processo de morte dos alvos, algo que poderia ser útil para a marinheira.

Ao final de mais um dia, a garota se recolhia ao seu dormitório, com o livro ofertado pelo mentor em sua mão dominante. Seu objetivo claro era reler o livro, enquanto permanecesse acordada em sua cama. A releitura teria o fito de suprir eventuais dispersões mentais anteriores para que pudesse assimilar toda a ideia descrita na obra literária.

O tema assassinato tinha tomado grande parte do tempo no dia anterior e chamado bastante a atenção da marinheira. Tanta, que no dia seguinte, ela não foi para os campos de exercícios físicos. Naturalmente, com autorização expressa do seu Capitão, Cana se dirigia até a biblioteca para pesquisar mais a respeito do tema anterior, visando se aprofundar naquela perícia voltada para tirar vidas de criminosos, segundo a balança da Justiça da jovem.

Ali, a garota buscaria por formas mais elaboradas e diretas de cometer assassinatos, localizando obras que tratavam da prática do ato de maneira silenciosa. Além de mais prática, sem sombra de dúvidas, se tratava de uma forma mais efetiva de matar um alvo e evadir-se do local, diminuindo as chances de ser pega por inimigos e ter que se envolver em uma batalha. A leitura, embora pesada, era dinâmica e direta. ”Hmmm… Interessante…” Pensava, levando seu cantil à boca para saborear um gole de vodka. Silente, lia os livros com bastante atenção, buscando entender bem o funcionamento daquelas técnicas de ação.

Como o próprio nome da habilidade sugeria, o ponto principal para agir daquela forma seria o silêncio como forma de surpreender o alvo. A questão que surgia na cabeça da marinheira era como se manter silenciosa utilizando armas de fogo. Estas, por sua natureza, tendem a ser barulhentas. Aquele era o problema fundamental que ela deveria enfrentar para utilizar de uma perícia tão específica e restrita quanto os conhecimentos em assassinato silencioso.

Lado outro, graças aos conhecimentos prévios de anatomia, possibilitaria à ela, no futuro, mirar em pontos de morte rápida, o que diminuiria as chances de a vítima alertar parceiros do ocorrido, algo que serviria de vantagem tática para a atiradora.

Diversos estudos marcavam as últimas semanas de Cana na base naval na ilha de Shells Town já começavam a deixar a jovem cansada. Talvez fosse preciso um descanso, mas tinha consciência da falta absoluta de tempo para momentos de lazer. Logo, na manhã seguinte, ela se dirigia até os responsáveis pelas celas da prisão e dos interrogatórios dos presos. Parando à porta, a marinheira respirava fundo, antes de adentrar na sala dos superiores.

_Meu amigo Dragão Marinho pediu para lhe ensinar coisas sobre como funciona o militarismo em nosso mundo, Soldada Alberona. Cana, por seu turno, sorria e se sentava em uma cadeira disponível. Ela não questionava onde estaria o parceiro do homem, haja vista ela deduzir que ele estava em alguma missão nas masmorras da construção. _A ideologia militarista é aquela que defende que a sociedade é mais bem servida quando governada ou guiada por conceitos e pessoas oriundos da cultura, doutrina e sistema militares. Para nós, da Marinha, a segurança é a mais alta prioridade social, e o desenvolvimento e a manutenção do aparato militar que asseguram essa segurança.

Até ali, o homem não trazia qualquer novidade. Cana compartilhava do mesmo pensamento, afinal, a sociedade só poderia ser considerada realmente justa quando governada por pessoas de filiação política similar à dela. Até então, era evidente que o mundo era perfeito, ressalvada a existência de criminosos desejosos da subversão da ordem estabelecida. O professor momentâneo, cuja identidade se mantinha em sigilo, prosseguia demonstrando os instrumentos para a manutenção da ordem utilizados ao longo da história, que ele também tinha conhecimento decorrente de seus estudos.

Outros debates foram necessários para que a jovem de cabelos ondulados fosse capaz de dominar aquele conhecimento de maneira absoluta. Caberia a ela, aplicá-los da melhor maneira que fosse possível, dadas as circunstâncias em que estivesse.