Riscos e Recompensas

Enquanto os competidores à frente seguiam suas rotas, o Navio dos mafiosos começou a se mover de forma mais agressiva. Vi a manobra dele em direção ao barco do homem de capa escura e cabelos negros — uma tentativa clara de desestabilizar seu concorrente. Esses caras estão prontos pra jogar sujo. Isso, no entanto, não me preocupava ainda. Eles estavam à frente e bem fora da vista da plateia. Era ali, no mar aberto, que as trapaças iriam aparecer de verdade.
Mas algo chamou minha atenção. Uma sombra submersa passou rapidamente por baixo do meu barco, e meu coração deu um salto.

Que porra é essa?! Será um Rei dos Mares? Aqui?!

Todo bom pescador já contou histórias de como sobreviveu a um rei dos mares, mas uma coisa é ouvir histórias no bar, e outra é vê-la de perto. Mesmo sem emergir, o monstro era gigantesco — maior que o Flecha de Pégasus, sem sombra de dúvida. Por um segundo, prendi a respiração, esperando sentir o barco balançar com algum ataque... mas nada.

“Ufa, ainda bem que resolveu me ignorar.”

Dei uma olhada para os outros competidores, todos à frente. Será que vão ter a mesma sorte?
O som dos motores provavelmente despertou a criatura. Pensei comigo. Com sorte, a criatura só queria investigar... mas se os outros competidores se assustarem o tanto que me assustei, isso poderia criar a oportunidade perfeita. Vai ser minha brecha.
Apliquei mais força na alavanca, esse era o momento perfeito de começar a jogar sério e sair da lanterna, bolinha de gorfe e o ice age estavam ao meu alcance, A criatura avançava em velocidade em direção aos líderes, então eu tentaria conseguir uma ou duas posições, passando no máximo do ice age, para não me aproximar da fera, pelo menos não agora.
Na primeira chance eu tentaria ultrapassar ice age em uma investida ofensiva e torceria para que bolinha de gorfe e ele brigassem entre si e me esquecessem.

“Já estamos longe da enseada, não espero nenhum escrúpulo deles nesse momento, talvez seja hora de usar essas belezinhas.”

Pensei enquanto olhava para as alavancas. Confiando que os dois líderes estariam muito ocupados se degladiando entre si e assustados com a fera, eu voltava minhas atenções para os outros dois competidores que eu tentava ultrapassar, se visse alguma tentativa de investida lateral, usaria a manobra de desacelerar para que passem direto, caso fosse lançado algum projétil ou algo do tipo em minha direçõo eu tentaria desviar, mas ao perceber que não conseguiria, puxaria a alavanca dos escudos.

Se meus planos dessem certo, a euforia tomaria conta de mim:

“IRRAAAÁ CACHIMBO VOCÊ É FODAA!”

Gritaria animado por estar conseguindo lidar com a corrida, mas sabendo que nada acabou ainda.

O barco Flecha de Pegasus reagia ao meu comando enquanto eu finalmente ultrapassava o Bolinha de Gorfe, mas foi a frase que ouvi do piloto que me chamou a atenção.

“Estabilizador?”

A mente começou a trabalhar rapidamente enquanto eu tentava entender o que aquilo significava.

“Será que é por isso que o barco dos mafiosos não foi afetado pela onda do monstro?”

A dedução parecia fazer sentido, mesmo que eu não fosse nenhum especialista em mecânica de barcos. O estabilizador, ao que parecia, era a peça-chave.

“Talvez esse cara tenha sido sabotado...”

Isso me dava uma ideia sobre quem estava jogando sujo, mas esse era um problema para depois. Minha atenção voltou para o que realmente importava agora: a corrida.
Lá na frente, o Ice Age ativou seus propulsores, arrancando para a liderança com uma velocidade impressionante.

“Woow! Será que o dash do Pegasus é tão potente assim também?! ”

A curiosidade atiçava, mas o momento de testar o sistema ainda não havia chegado. Meus olhos acompanharam o monstro marinho que, felizmente, estava se afastando para uma área não habitada da ilha.

“Um monstro daqueles tao perto da ilha vai ser um problemão, alguém tem que cuidar daquilo”

Eu estava em quarto lugar. O Ice Age e o barco dos mafiosos lideravam, enquanto o Transilvânia lutava para se recuperar do impacto causado pela criatura marinha.

“Hora de começar a jogar sério”

. A curva ao redor da ilha se aproximava, e eu sabia que essa era minha chance.
Puxei o leme, preparando-me para fazer uma curva fechada e agressiva, apostando na habilidade do Flecha de Pegasus para se manter estável.

“Se tudo correr como imagino, eles vão ter que abrir a curva devido a velocidade, e eu passo fácil pelo Transilvânia”

Já estava de olho nas alavancas, A idéia era ativar o canhão de ar assim que ultrapassasse o Transilvania, mirando em um dos líderes. Queria estar pelo menos em segundo lugar antes que essa curva terminasse.
Enquanto avançava, sabia que o jogo estava ficando sério. Não havia mais espaço para hesitar. Qualquer movimento ofensivo contra mim – seja um projétil ou alguma manobra traiçoeira – e eu usaria o escudo do Pegasus sem pensar duas vezes. Não é mais hora de economizar.

A emoção de ter acertado o Ice Age com o canhão me fez soltar uma risada. O barco perdeu velocidade imediatamente, e o coelho que o pilotava não perdeu tempo em tentar me atacar com arpões. No entanto, o escudo do Flecha de Pegasus repeliu os ganchos com eficiência.

"HAHAHA! Chumbinho realmente caprichou nesse barco!"

Gritei, admirado com a construção.

Observando ao redor, percebi que todos estavam tendo dificuldades com a curva fechada, exceto o Bolinha de Gorfe, que conseguiu se manter estável.

"Pegasus é especial mesmo, e o Leoncio para estar bem também, deve ser por que estava mais devagar que os outros."

O Transilvânia, por outro lado, estava bem próximo agora, e eu podia ouvir o piloto gritando sobre sabotagem.

"Mais um barco sabotado? Esses mafiosos têm muito o que explicar depois."

A ideia de confrontá-los depois me animava, mas por agora, o foco era a corrida.
Com a linha de chegada visível no horizonte, senti a adrenalina correndo nas veias. Estava em segundo lugar, mas o Shadaloo começava a ganhar distancia, afastando-se dos outros competidores.

"Filhos da puta, o que eles roubaram agora?"

falei comigo mesmo, ouvindo o grito do piloto do Transilvânia.

Agora é a hora. Olhei para o painel de controle do Pegasus e respirei fundo.

"Certo, Pegasus, é hora de nosso último truque."

Acelerei ao máximo, tentando me alinhar ao Shadaloo. O plano era simples: quando estivesse lado a lado com o barco mafioso, ativaria o dash e dispararia rumo à linha de chegada. Mas se percebesse que não chegaria a tempo, não hesitaria em ativar o dash antes, mesmo que fosse um pouco mais distante.
Os últimos metros da corrida pareciam se aproximar rapidamente, e eu sabia que era agora ou nunca.

Minha primeira reação foi de pura frustração ao ver o Shadaloo cruzar a linha de chegada em primeiro. Aquele maldito pato da máfia não hesitou em gritar suas provocações, e eu senti o gosto amargo de ficar em segundo, mesmo com a proa do Flecha de Pegasus ligeiramente à frente do Ice Age.

"Droga! se não fosse pelas trapaças, essa vitória seria nossa,"

pensei, irritado.

As reclamações do Transilvânia e do Bolinha de Gorfe sobre sabotagem começaram logo após o fim da corrida, mas a torcida parecia ignorar, tratando como se fosse apenas choradeira de perdedores. Eu sabia que havia algo estranho no Shadaloo, as suspeitas eram muito fortes, e aquilo só aumentava minha vontade de confrontar os mafiosos agora mesmo.
No entanto, o som das sirenes e o anúncio da invasão de um monstro marinho rapidamente mudou o foco de todos. Marinheiros e seguranças corriam para o lado oposto da ilha para lidar com a ameaça.

"Merda, os marinheiros estarão ocupados demais agora, e se eu for sozinho confrontar esses mafiosos, vão me ver como um mau perdedor."

Eu respirei fundo, a adrenalina da corrida ainda correndo pelo meu corpo.

"Ok, Tarkis. Hora de ser esperto."

Decidi que confrontar a máfia teria que esperar. Seguir os marinheiros até a área da invasão parecia a melhor escolha no momento, não apenas para entender a situação com o monstro, mas também para evitar chamar atenção desnecessária.

“Quem sabe eu consiga ajudar a resolverem essa invasão rapidamente, para que pudesse voltar logo a atenção para os mafiosos.”

Antes de sair, meus olhos vasculhavam a multidão agitada em busca de Chumbinho. Ele era um dos poucos em quem eu confiava naquele lugar, e deixar o Flecha de Pegasus desprotegido com os mafiosos à solta não parecia a melhor ideia.
Se o encontrasse iria até ele e diria com pressa, mas mantendo o tom sério:

“Chumbinho, pegue o Pegasus e guarde-o! Os mafiosos estão envolvidos no roubo de peças”

apontaria sutilmente para o Shadaloo enquanto continuava.

“Vou até onde os marinheiros estão pra tentar ajudar com o lance do monstro marinho. Assim que isso estiver resolvido, volto com reforços pra acabarmos de vez com esses criminosos. Tome cuidado!”

Se os oito marinheiros que Raposo colocou ao meu dispor estivessem por perto eu apenas gritaria para eles

“Me sigam, senhores!”

Daria uma última olhada no Pegasus, confiando que estaria em boas mãos, e me viraria para seguir os marinheiros, o coração ainda acelerado pela adrenalina da corrida e pela expectativa do que estava por vir.

Ao chegar à costa e ser confrontado pela visão do Rei dos Mares, a realidade do perigo me atingia como um soco no estômago. O sangue tingia a areia, e o monstro colossal dominava a cena, já tendo feito um verdadeiro massacre entre os marinheiros.

"Mas que porra é essa?!"

Pensei, enquanto a adrenalina disparava, e o horror da cena tirava meu fôlego por um segundo. Sabia que o tempo era curto. O monstro já parecia ter notado nossa presença, e precisaríamos agir rápido para evitar mais mortes.

"Soldados! Espalhem-se e procurem cobertura! Quem tiver armas de fogo, comecem a atirar! Preciso entender do que essa fera é capaz!"

gritaria, tomando o controle da situação, eles então se espalhariam e tentariam achar cobertura para iniciar os disparos.
Eu tentaria correr para a cobertura mais próxima, uma pedra ou parede grande o suficiente para me esconder atrás.

Ao chegar lá, respiraria fundo, tentando manter o foco em meio à tensão. Puxaria minhas soqueiras e aplicaria cuidadosamente o veneno nas pontas delas. Sabia que não tinha como trocar socos com um monstro daqueles, mas se eu pudesse ao menos encostar nela com o veneno poderia causar algum dano. Apalparia meu cinto, sentindo as granadas de caça. Elas eram a melhor chance de causar dano, mas precisava do DNA da fera.
Olharia ao redor, tentando ver se a fera tinha deixado algum rastro — pedaços de escamas, carne ou qualquer coisa que pudesse ser útil.


"Procurem por fragmentos da fera! Qualquer pedaço serve!"

 Ordenaria para que os soldados olhassem de onde estavam se conseguiam achar algum fragmento da criatura, se achassem e estivesse perto de algum deles, iriam arremessar até a minha direção para que eu preparasse as granadas. Se achassem mas estivesse longe o plano era tão simples quanto louco: Iria correndo até o fragmento enquanto os soldados chamavam a atenção da fera, me esconderia com o fragmento e prepararia as granadas, quantas o fragmento pudesse preparar, e imediatamente lançaria à fera.
Agora, se não houvesse fragmento nenhum, teria que apelar para o plano B. Provocar a fera. Tentaria fazê-la atacar a pedra que eu estava usando como cobertura, na esperança de que a rocha mitigasse o impacto o suficiente para que eu não morresse instantaneamente. Na confusão, tentaria me aproximar e atingí-la com as soqueiras, agarrando o que pudesse do corpo dela.
Ajeitaria minha posição, sentindo o sangue ferver com a adrenalina. Era agora ou nunca.

"Ei, lagartixa gigante! Aqui! Vem tentar me pegar!"

gritaria, tentando provocar a criatura, enquanto me prepararia para o impacto, torcendo para que a rocha me protegesse o suficiente.